Pedro J. Gómez (Don Benito, 1969) leva una máquina fotográfica dentro dos seus olhos. Pretos, brilhantes, olham para um lado e para o outro no meio de qualquer conversa, e eu penso sempre, embora nunca o diga, que estão à procura de um ângulo diferente, de uma imagem nunca
vista. Tento seguir os seus olhos com os meus, mas não consigo.
Os meus são lentos e acabam sempre por ver o que os outros já viram. Os olhos de Pedro J. Gómez são máquinas fotográficas sem lentes, e cada vez que ele atravessa a fronteira de Portugal (como já fez nas colecções Náufragos ou Os Ratinhos, e como faz agora com a série Castelo Branco, de 2010, publicada em parte no primeiro número da revista de literaturas ibéricas Suroeste) acaba por ver, por encontrar, imagens de um lirismo muito contemporâneo, que olha (mais uma vez), ao mesmo tempo, para dentro e para fora de si mesmo. O empedrado duma praça ou um manequim duma montra, sim, mas também umas palavras escritas numa caderneta ou a ilusão dum televisor de hotel a transmitir imagens (outras imagens) da vida que acontece fora de nós, tudo faz parte da sua pessoal visão poética da realidade, que atribui um papel prioritário (como a sua própria vida) a Portugal, à sua paisagem e às suas gentes. Por isso, as fotografias de Pedro J. Gómez são também espelhos que nos mostram as partes mais recônditas de cada um de nós, um convite permanente para viajarmos até tudo o que mantemos escondido.
(Antonio Sáez Delgado)